terça-feira, 25 de abril de 2017

Uma Páscoa diferente


A Páscoa de 2017 foi diferente para mim, Lígia, Irepti e Imaru. Estivemos na aldeia São José, do povo Krikati, localizada no município de Montes Altos (MA).
Foi mais uma atividade da Rede Saberes Indígenas na Escola, as quais vimos realizando desde o início deste ano.
Chegamos na sexta-feira da paixão e a aldeia estava em "festa", pois estavam realizando um Pàrpêx. Trata-se de um ritual de finalização de luto de algum falecido. Neste caso era de uma moça que havia cometido suicídio alguns meses atrás.
Para esse ritual, há realização de cantos do pàrpêx no pátio à tarde e à noite, além da brincadeira do fogo, também realizada a noite, antecedendo a corrida da tora da barriguda (pàrpêx) que acontece na manhã seguinte.
Numa noite as mulheres dançam ao redor de uma fogueira, no centro do pátio, e ameaçam jogar-se na fogueira. Seus parentes masculinos consanguíneos se colocam entre elas e a fogueira e as protegem impedindo o ato. Além disso, distribuem também para elas água, suco e refrigerante. Na manhã seguinte será a corrida da tora de barriguda das mulheres.
Na noite seguinte serão os homens que dançarão ao redor da fogueira e serão protegidos por suas consanguíneas, recebendo também agua, sucos e refrigerantes. Na manhã seguinte serão eles a correr com a tora da barriguda (pàrpêx) pela manhã, finalizando a festa.
Essas atividades rituais coincidiram com nossa presença para falar sobre alfabetização pelos conhecimentos culturais. Foi uma boa oportunidade para refletir sobre o papel da escolarização nos povos indígenas e a relação entre os conhecimentos indígenas e não indígenas e o papel da escola.

Estiveram presentes também orientadores de estudo, sábios conteudistas e pesquisadores indígenas Krahô e Apinaje, além da equipe da UFMA e da UFT no Saberes Indígenas na Escola. Dentre os Krahô e Apinaje estavam 4 cantores que também animaram a “festa” dos Krikati. Ao final, as trocas de conhecimentos e reencontros de parentes Apinaje e Krahô que vivem entre os Krikati, também foi um aspecto importante.
Corte de cabelo masculino durante Pàrpêx

Terezinha Amxàk Apinaje, anciã e conteudista do Saberes Indígenas na Escola

Arlete Cacuxên,  Ismael Ahpracti Krahô (conteudista do Saberes Indígenas na Escola) durante atividades na escola

Dodanim Krahô durante sua apresentação.

Profa. Miracema, orientadora de estudos.

Cantos do pàrpêx no pátio repleto de toras.

Cantos do pàrpêx sendo registrados no pátio

Cantos do pàrpêx

Silvia Puxkwyj carregando Imaru na tipóia de miçangas

Nada melhor indicador de vigor cultural numa aldeia Timbira que o numero de toras no pátio

Os cantos do pàrpêx foram registrados por Juliano Nhinô Apinaje

Cantos noturnos no pátio

"Irmãos" distribuem refrigerantes para suas "irmãs"

Um grupo de jovens durante a festa do fogo.

Zé Cabelo Apinaje cantando nessa ação de intercâmbio.

O fotógrafo Krikati registrou a nossa presença. Da esq. Profa. Christiane, Odair, Olavo Krahô, Zé Cabelo, Edilene Krikati e Dodanim Krahô

As mulheres Krikati durante corrida de toras.



Nenhum comentário:

Postar um comentário