quarta-feira, 9 de abril de 2014

Tradição



Lendo Érico Veríssimo, deparei-me com esse trecho e fiquei pensando que tradição defenderíamos se precisássemos lutar. Que ideias, sentimentos e sonhos nós, brasileiros do começo do século XIX, defenderíamos?

Tradição.

          Às três da tarde deixo Boston, rumo de Chicago onde chegarei amanhã às nove. Instalo-me num confortável Pullman. O porter, um negrão de cara lustrosa e andar paquidérmico, me vem ajudar a tirar o sobretudo e acomodar as malas, enquanto o trem se põe em movimento. Pela janela vejo passar Boston. Praças, jardins, perspectivas de ruas, zonas de sombra e luz. Malazarte está na minha frente, pensativo.
          - Não compreendo muito bem esse culta da tradição – diz ele -   quando o progresso tem aspectos tão interessantes e absorventes. Veja Nova York. A lanterna de Paul Revere lá é um holofote elétrico no alto da torre dm arranha-céu. Os tempos mudaram.
          - Mas os homens no fundo são os mesmos – respondo. – Acho que Nova York não suportaria duas semanas de bombardeio.
          - Por que?
         - Porque foi construída por agentes que apenas quiseram prosperar materialmente sem voltar os olhos pra trás. Porque é habitada por criaturas que vieram de vários pontos da terra e ainda não tem raízes profundas no solo americano. Em Boston é diferente. Penso que os habitantes desta cidade terão fibra para aguentar reides aéreos, como Londres. Porque estão amparados numa tradição. Quando tiverem que lutar saberão por que estão lutando. Não estarão defendendo apenas casas, bancos, lojas, jardins. Estarão defendendo ideias, sentimentos, sonhos. Um Empire State se constrói com alguns milhões de dólares em alguns meses. Um campanário como o da Old North Church é feito de uma argamassa de tempo, sofrimento, sacrifício, sonhos.
          Malazarte encolhe os ombros.
          - Estas fazendo literatura. Isso deve ser fome.
          O chefe do trem vem me pedir o bilhete.
          - Espanhol?
          - Não. Brasileiro.
          - Oh! O Brasil.... lindo país. – Noutro tom: - Lá gostam de nós?
          - Creio que sim.
          Ele se inclina, paternal, botando a mão no meu ombro:
          - Se quiser se distrair, vá para o carro próximo. É um smoking car. Tem rádio e boas revistas.
          - Thanks.
          Sigo o conselho. Instalo-me numa poltrona do vagão vizinho. O ar está saturado de fumaça. Homens conversam, fumam, bebem, lêem. Apanho uma revista. O tempo passa. Recordações de Boston, de Nova Iorque. Faces, trechos de ruas, de melodias.... Como será Chicago? Folheio a “Times”, com atenção vaga.
          Aparece de novo o chefe de trem. Inclina-se para mim e murmura:
          - Adiante há um carro melhor. Menos fumaça. Mais bonito. Aerodinâmico. – Pisca o olho. – Lá o senhor fica como em sua casa.
          É curioso – reflito – é justamente assim que eu me sinto nos Estados Unidos. Como em minha casa.

Érico Veríssimo
Gato Preto em Campo de Neve. 22ª. Edição. Ed. Globo, 1996. PP.301-303

sexta-feira, 21 de março de 2014

New Orleans - Café du Monde - French Market e Jazz, muito jazz.

Em nosso segundo dia em New Orleans (06 de junho) fomos conhecer o French Market.


Andamos também pela Bourbon Street, uma loucura de lugar com bares tocando todo tipo de musica um ao lado do outro. Nós que conhecemos a Broadway em Nashville, percebemos que a Bourbon é muito mais agitada.
 Na Bourbon Street tem o New Orleans Musical Legends Park












No terceiro dia (07 de junho), voltamos ao French Market.






O French Market ja se preparava para o Creole Tomato Festival e o Cajun/Zedyco que começarim no dia seguinte.





Assistimos uma apresentação de Brass Band dos estudantes da University of Connecticut


E finalizamos a tarde apreciando o delicioso Begnet no famosíssimo Café du Monde.











Irepti recitando Vinicius de Morais.